sábado, 22 de agosto de 2015

Nuvem

      Privilegiando a música brasileira hoje, trago o gaúcho Humberto Gessinger com uma dessas canções que têm o poder de embalar e ao mesmo tempo cutucar a gente, fazendo curiosas cócegas no pensamento.

                                                                  

      Insular é o primeiro álbum solo do líder dos Engenheiros do Hawaii, e traz tanto antigos sucessos quanto faixas inéditas, na mescla sempre sábia do velho com o novo.

       Pertencente ao grupo das antigas, "Nuvem" fala daquelas situações em que nós - seguindo umas filosofias cautelosas do tipo "é melhor não trocar o certo pelo duvidoso" ou "vamos deixar como está para ver como é que fica" - nos acomodamos a cenários já desgastados, que também já nos estão corroendo. Cenários dos quais precisamos nos desatar.
       
      Mudar é difícil, é incômodo, dá medo. Mudar sacode a gente; e depois de uma mudança, é normal perder o rumo, precisar recobrar o equilíbrio, avaliar sua posição e olhar bem em volta para achá-lo de novo. Mas, às vezes, a mudança é necessária. Às vezes, mais sábio é abrir mão do que já foi ou deveria ter ido e abrir-se para todo o novo que pode vir do que agarrar-se àquilo que nunca mais será como já foi, àquilo que não mais vale a pena. Insistir em continuar agarrado aquilo que claramente se esvai por seus dedos.

       Afinal, "a vida não pode ser um conta gotas na tua mão". Para podermos vivê-la como merece ser vivida, é sempre bom que tenhamos perto energias e pessoas e presenças e enredores que nos façam bem, que não nos amarrem, que não nos empaquem. Sobretudo, é sempre bom que nos deixemos livres, que libertemo-nos a nós mesmos quando a alma pede para ser libertada...

        Não vou falar mais. Deixemos que a voz sempre aconchegante de Humberto fale por nós.

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