quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Homens e homens

                                                           
  
   O que faz um homem homem? Literalmente falando, é o tal do cromossomo Y, que todos eles ganham de seu pai quando ainda estão em estágio de pré-produção, certo?
  
    Certo. Mas, agradeçamos a existência da linguagem figurada, porque eu sou grande desconhecedora dos mistérios da genética, e não é nesse sentido que eu venho falar de homens hoje. Pois, um homem de verdade é muito mais do que apenas um indivíduo do sexo masculino.
  
    Homem não é aquele que briga, é aquele que conversa.

    Homem não é aquele que esbraveja, mas que expõe.
  
    Homem não é aquele que ordena, mas que pede.
  
    Homem não é aquele que parte para cima. É aquele que senta e põe as cartas na mesa.
  
    Homem não é aquele que dirige, mas que coopera.
  
    Não é aquele que precisa sempre ter as rédeas na mão, mas que também sabe se deixar ser conduzido quando não conhece o caminho. Sobretudo, é aquele que sabe conduzir em conjunto.
  
    Homem não é aquele que valoriza sua imagem e faz tudo por ela, tornando-se dela escravo exibido. É aquele que a constrói e zela por ela naturalmente, sem nem perceber.
  
    Homem não é aquele que nunca precisa de ajuda. É aquele que sabe que precisa, e não tem medo de pedir por ela.
  
    Homem não é aquele que não admite rebaixar-se a fazer trabalhos que - acha - o diminuem. É aquele que se abaixa, sim, monta e desmonta, cava a terra, planta a semente, recolhe o lixo, colhe o resultado.
  
    Homem de verdade é aquele que não tem medo ou vergonha de sujar as mãos. Aquele que sabe que não existe trabalho que seja degradante.
  
    Homem não é aquele que - falando em trabalho - ajuda a mãe, irmã ou esposa no serviço doméstico. É aquele que divide com quem quer que seja o trabalho.
  
    Homem não é aquele que não chora. É aquele que chora.
  
    Homem não é aquele que é sempre forte, inabalável. É aquele que sabe que até as mais sólidas rochas se desgastam e sofrem dores e danos. É aquele que não se envergonha em mostrar-se fraco, e não esconde ou enterra as suas fraquezas.
  
    Homem não é aquele que se mede pelo tamanho, mas pela grandeza.
  
    Homem de verdade é aquele que adquire maturidade e discernimento sem, contudo, deixar de ter a leveza que existe em um menino.
  
    Homem não é aquele de ferro, que não se machuca. É aquele que não tem medo de se machucar. E, machucado, não oculta suas feridas como dignas de vergonha.
  
    Homem de verdade não é aquele que suporta qualquer dor calado e sozinho, e a desvela das maneiras mais intempestivas. É aquele que, de seu modo, fala e pede apoio. Aquele que não se impede de falar que certas dores não passam sem doer.
  
    Homem não é aquele que incessantemente insiste. É aquele que sabe ouvir um não.
  
    Homem não é aquele que acredita dever fazer de todas as suas vontades uma lei a ser cumprida. É aquele que sabe que não é o centro do mundo, avalia consigo a razoabilidade de sua vontade. É aquele que sabe desistir.
  
    Homem não é aquele que precisa estar sempre perto. É aquele que sabe a importância da distância. E que, na distância, confia.
  
    Homem não é aquele que sai, sem fazer barulho, na mais simples ou complicada das situações. É aquele que fica. É aquele que não foge. Aquele que fala e ouve, argumenta e discute, apoia e pede apoio, sabe fazer seu barulho quando necessário e sabe calar quando a caravana do silêncio pede sua sábia passagem.
  
    Homem não é aquele que orgulha-se em ser um persistente tormento. É aquele que sabe também ser calmaria. Homem de verdade é aquele que cuida.
  
    Homem não é aquele que está sempre certo. É aquele que admite-se errado, confessa seu erro.
  
    Homem não é aquele que sabe de tudo. É aquele que não tem receio de admitir sua ignorância.
  
    Homem não é aquele necessariamente bem relacionado, que está em todos os grupos. É aquele que, às vezes, prefere estar sozinho.
  
    Não é aquele que somente trabalha o seu corpo, mas, principalmente, aprimora sua alma. Homem de verdade é aquele que possui consigo as várias espécies de sensibilidade.
  
    Homem não é aquele que faz jogos, mas que joga limpo.
  
    Homem é aquele que esclarece, sem iludir nem desiludir. Homem de verdade não faz vazios discursos. Ele respeita, expõe abertamente.
  
    Homem de verdade não é aquele, porém, somente de palavra. É, sobretudo, aquele de ação.
  
    Homem não é aquele que promete um mar de rosas. É aquele que tem a sensatez de saber e a coragem de dizer que não existem rosas sem espinhos, nem mares sem tempestades ou ondas turbulentas.
  
    Homem, aliás, não é aquele que muito promete. É aquele que cumpre.
  
    Homem de verdade não é aquele que faz espetáculo para mostrar-se macho, mas aquele que o é e demonstra na solidez de sua postura e, às vezes, de seu silêncio.

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